Engajamento, ideias e competitividade

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A mais poderosa ferramenta de melhoria que temos é o cérebro de nossos times, dos colaboradores em nossa organização. A segunda, é o coração.

Para ser competitivo, dentre outros, é preciso contar com o engajamento de todos pela melhoria contínua, pelo aumento da competitividade organizacional.

Tenho dificuldade de encontrar análises relevantes que discorram sobre o engajamento das pessoas nos ambientes empresariais brasileiros, com recortes para suas diferentes realidades. O que encontro são levantamentos realizados em outros países, alguns poucos que mostram a América Latina, mas não especificamente o Brasil ou recortes dentre empresas nacionais.

Ao analisar estes estudos, percebo como preocupante este aspecto da gestão organizacional. Os levantamentos da Gallup sobre o ‘Estado do Local de Trabalho Global’ mostram que, apesar de melhores ano após ano, o engajamento está na casa dos 20%. O que é um alerta para gestores que desejam alcançar e sustentar o crescimento de suas operações.

 

Figura 1: Indicadores de desempenho associados ao custo do desengajamento no trabalho. Fonte Gallup, State of the Global Workplace, 2020.

Por outro lado, manter os times engajados aumenta a produtividade e a competitividade da empresa. Além deste aspecto, há a questão do ‘quem está no time’. Afinal, a promoção deste engajamento traz maior retenção. E maior retenção de times engajados traz melhorias de processos, do ambiente organizacional, o que os acaba transformando em especialistas. Exatamente aqueles que as empresas mais buscam.

Ah, ok. Grande novidade. A questão é: como fazer.

Pelo que tenho observado e experimentado, o caminho é o mesmo que o trilhado para se criar organizações mais competitivas[i]. Começando desde sua primeira estação: estas empresas costumam amar problemas. Sim, pois eles as permitem melhorar, entendendo, analisando e descobrindo meios de solucioná-los.

Criar times engajados significa criar, nutrir e fortalecer uma cultura livre do medo. Assim, estes times têm possibilidade de focar nos sistemas, nos processos não adequados, ao invés das pessoas que os executam. Engajamento permite a busca pela melhoria constante como um mantra: competir contra si mesmo. Engajamento é autodesenvolvimento: estar melhor hoje do que ontem. Engajar-se é entender que fazer o certo não é mais diferencial.

Figura 2: Times engajados não pulam para as conclusões, eles têm processos para alcançar melhores decisões. Ref.: https://www.instagram.com/p/CFwhuT-gWkf/

 

Criar empresas mais competitivas significa não almejar a redução de custos; mas sim, aumentar o valor que a organização entrega ao mercado, ao cliente final. Tipicamente, criar times engajados depende de nutrir uma capacidade de visão além da miopia executiva que busca prender seus resultados aos impactos do trimestre, semestre, e assim sofrem com efeitos sanfona de dietas esporádicas. Da mesma maneira que jogadores de xadrez o fazem, elas colhem hoje o que foi semeado nas primeiras jogadas. Afinal, os dados financeiros são típicas variáveis resposta. Quando a organização os percebem, já é tarde demais. Times engajados criam métodos para gerenciar os meios, monitorando-os, reparando-os, buscando sempre a melhoria de seus processos. Isto gera competitividade por meio de mais e melhores clientes.

Times engajados têm uma só coisa em mente: o cliente. Do outro lado, percebe-se organizações divididas em silos: marketing, vendas, financeiro, produção, técnico, logística. Cada um com suas métricas internas. Empresas competitivas têm essas áreas, também. Mas, buscam se reorganizar de maneira que tenham um foco comum, com métricas comuns – quando não, desdobradas – para que seus times possam interagir. E isto gera engajamento dos times. Interação.

Times engajados costumam se utilizar de padrões para referenciar suas melhorias. Padrões desenvolvidos pelos times que realizam o trabalho, não pela liderança – ou outros – à beira de uma auditoria da ISO. Nessas organizações, inclusive as lideranças têm seus padrões de rotina e atividades – os quais abrangem inclusive o acompanhamento dos treinandos e aqueles em desenvolvimento. Do outro lado, é comum vermos lideranças sem uma rotina a seguir, pois suas atividades são ‘mais ‘intelectuais’.

Times engajados permitem-se mostrar o trabalho a ser realizado. Times engajados comprometem-se em dar visibilidade àquilo que deve e que está sendo feito. E essa visibilidade do quê deve ser feito foca condições básicas: (a) se é ‘seguro ou não’, (b) se está ‘à frente ou atrás’ do esperado e (c) o quanto é ‘bom ou ruim’. Essa fixação em garantir a visibilidade do trabalho proporciona aos times uma maior promoção do trabalho entre os times, entre as pessoas. Aumenta-se a comunicação de qualidade, o que garante esforços coordenados.

As empresas que têm buscado se diferenciar e criar ambientes engajados têm se mantido à frente com investimentos para o desenvolvimento de seus recursos mais importantes. Elas olham seus times, pessoas, como o bem maior. Elas conseguem criar pensadores. E eles pensam em como fazer melhor.

Permita-se perguntar: quantas melhorias tivemos em nossos ambientes no último período. Quantos estiveram envolvidos nas melhorias.

Seja você integrante de uma micro, pequena ou grande empresa, industrial, agro ou de serviços, a questão é criar um ambiente no qual seu time desenvolverá ações para evoluir a organização. Isto cria engajamento.

 

[i] Estratégia de virar o jogo: além do lean. Um caso ao longo de cinco anos. Ref.: http://montelo.hospedagemdesites.ws/vibes/2020/07/08/estrategia-de-virar-o-jogo-alem-do-lean-um-caso-ao-longo-de-cinco-anos/

Imagem de capa: o autor é Thadius856 (SVG conversion) & Parutakupiu (original image) que a colocou em domínio público conforme acesso neste link https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3335188 .

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